Após uma das gigantes da celulose em Mato Grosso do Sul "ignorar" a escassez de moradias no entorno de megafábrica, agora, o governador do Estado, Eduardo Riedel, disse nesta segunda-feira (02) que a Bracell fará cerca de mil residências no município longe aproximadamente 310 quilômetros de Campo Grande.
A fala do governador foi feita durante agenda pública no fim da manhã de hoje (02), com a presença do atual Secretário Nacional de Habitação, Augusto Henrique Alves Rabelo, que veio até Campo Grande para de convênio para construção de 252 moradias.
Prestes a abrigar um fluxo grande de funcionários para a construção da fábrica de celulose de R$ 16 bilhões, a ser edificada em Bataguassu, o município já lida atualmente com escassez de imóveis residenciais para compra ou arrendamento.
Diante desse fato, como bem apontou o Correio do Estado, a Bracell até então ignorava tal escassez, já que há menos de um mês não havia sequer previsão de construção de moradias para esses trabalhadores.
"Nós conseguimos que o Governo Federal aportasse nesses municípios, também em parceria com o Estado, recursos para a gente construir unidades habitacionais. É um misto de programas. Nós estamos colocando na contrapartida da empresa a construção de casas", afirmou Riedel.
Com isso, o governador cita como exemplo as seiscentas unidades que começaram a ser edificadas e estavam previstas no planos da empresa chilena, Arauco, para construção de uma megafábrica em Inocência, município que pelos dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) abrigava uma população de 8.404 pessoas.
Conforme o governador, além dessas 600 moradias em Inocência, o município de Bataguassu, longe aproximadamente 148 km da "Princesinha do Leste", deverá ganhar mil unidades a serem construídas pela Bracell.
"Nós temos em Ribas também um volume muito grande que a Suzano fez a pedido nosso em contrapartida pelo investimento. Aí temos programas em parceria com o governo federal e os que nós fazemos direto pelo Estado... E assim a gente vai construindo a solução, que eu chamo de dor do crescimento, para essas questões que elas vão se colocando para o Estado resolver", complementou Riedel
Moradias para MS
Cabe lembrar, conforme apontado pelo Correio com base no estudo de impacto do empreendimento, que o projeto havia mencionado detalhes apenas de alojamentos (dois no caso) para trabalhadores transitórios, sendo 12 mil operários esperados e uma capacidade total de ambos para abrigar até dez mil desses funcionários.
Diretora-presidente da Agência de Habitação Popular de Mato Grosso do Sul, Maria do Carmo Avesani Lopez detalhou que o Estado conta hoje com um déficit habitacional de 70 mil unidades, com os maiores valores proporcionais concentrados em Campo Grande e Dourados.
Entretanto, ela lembra que existem aqueles municípios que são considerados por eles como "grandes desafios", como o caso de Inocência e Ribas do Rio Pardo, que Maria do Carmo indica ainda apresentar ivo pelo grande impacto local em um momento que não havia investimento em habitações.
Secretário Nacional de Habitação, Rabelo inclusive destaca esse período sem investimentos, por cerca de quase cinco anos que duraram enquanto Reinaldo Azambuja governava MS, que foram retomados após 2022.
"Simboliza também essa consolidação de uma parceria que rompe alguns anos de inação do governo federal e que agora vem com esses orçamentos todos", diz.
Rabelo comenta ainda que, com R$ 3 bilhões financiados até o momento, há ainda dois editais em aberto nos chamados Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e Financiamento para a Industrialização e Modernização (Finis).
Na modalidade do Finis, para municípios abaixo de 50 mil habitantes, segundo Rabelo, há a meta inicial de 220 novas unidades, que a R$ 140 mil por moradia soma R$ 30,8 milhões em recursos, enquanto o chamado FAR prevê outras 1.083.
*(Colaborou Neri Kaspary)