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Transporte coletivo

Consórcio Guaicurus paga auditoria que fiscaliza números da concessão

Relatório da Agetran com os índices positivos de desempenho da concessionária tem com base sistema da gestora do serviço

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Durante oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (I) do Ônibus, autores de relatório da Agência Municipal de Trânsito de Campo Grande (Agetran) que apresentava dados positivos da qualidade do transporte público relataram que os índices publicados foram levantados e enviados pelo próprio Consórcio Guaicurus.

O polêmico “Relatório de Monitoramento dos Índices de Desempenho” (Remid), publicado no Diário Oficial de Campo Grande, em novembro do ano ado, foi o principal assunto tratado ontem, durante o terceiro dia de oitiva da I do Ônibus na Câmara da Capital, a qual investiga a qualidade do transporte público.

Foram ouvidos nesta quarta-feira Giuseppe Bitencourt, auditor-chefe de Planejamento da Agetran, e Luiz Cláudio Pissurno, chefe operacional do time de Auditoria da Agetran.

Durante a prestação de esclarecimentos sobre a produção do relatório, quando questionado pelo vereador Júnior Coringa (MDB) sobre quem fez o trabalho de levantamento dos dados, Bitencourt informou que uma empresa contratada pelo Consócio Guaicurus apurou os índices utilizados.

“O relatório é de monitoramento dos índices, e eu assinei por que eu vi os índices daquele mês. Conforme o edital de contrato, os indicadores, como obrigação, devem ser do sistema SIG-SIT. E esse sistema quem paga é o Consórcio Guaicurus”, afirmou.

Para deixar claro, Júnior Coringa reiterou: “Quer dizer então que esse relatório que você assinou é pago pelo consórcio? E o Consócio Guaicurus manda o relatório para o município, e você pega esse relatório criado pela empresa que você está auditando e assina sem ir ao local para olhar se aquilo que está informado é real ou não?”.

Em resposta, o auditor-chefe de Planejamento confirmou que foi dessa forma que o relatório foi realizado. “Isso, o relatório é feito conforme o edital de contrato pede, com os dados do SIG-SIT, sistema que faz parte do contrato do Consórcio Guaicurus”, confirmou Bitencourt.

Pissurno também foi inquerido na I do Ônibus se, em algum momento, os auditores da Agetran solicitaram ou foram in loco em alguma vistoria para confirmar os dados do sistema do Consórcio Guaicurus.

Em resposta, o auditor disse que não fez e que não pediu para que fosse realizada a conferência dos dados in loco. 

“Eu poderia ir in loco, mas não me pareceu cabível no momento. Eu assinei o relatório baseado na formalidade que estava prevista”, declarou.

FORA DA REALIDADE

A publicação do Remid do ano ado cumpriu uma das exigências do termo de ajustamento de gestão firmado com o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), a fim de regulamentar o plano de auditoria técnico-operacional da Agetran.

O documento avaliou como ótimo ou excelente critérios como conforto e qualidade da frota utilizada pelos campo-grandenses.

O relatório traz informações de agosto, setembro e outubro de 2024, além de uma tabela de referência em que nenhum índice foi considerado regular ou insuficiente, o que contradiz as reclamações dos usuários do transporte público, os quais, rotineiramente, se queixam de superlotação, falta de ibilidade e atrasos.

Foram classificados no relatório como excelentes, em agosto de 2024, índices como conforto, pontualidade, qualidade e manutenção da frota. 

A mesma conclusão positiva foi apresentada em outubro.

Conforme o relatório, o conforto tem como parâmetro o índice de ocupação dos coletivos, a considerar períodos de pico ou não, e ele seria considerado excelente caso atingisse índice menor que 0,7 – o que ocorreu em agosto (0,33 e 0,26) e em outubro (0,34 e 0,26).

Durante os três meses informados no relatório, a pontualidade dos ônibus também se manteve excelente.

O levantamento também avaliou a regularidade, a eficiência e a cortesia na prestação de serviços, todos índices que se mantiveram, de acordo com o relatório, entre excelente ou bom.

ÔNIBUS VELHOS

Na oitiva da I realizada nesta segunda-feira, a Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos de Campo Grande (Agereg) apresentou um relatório informado que 65% da frota de ônibus da Capital está acima do tempo máximo de uso, tendo mais de oito anos de circulação.

A frota de ônibus do Consórcio Guaicurus é composta por 460 veículos. Desses, 400 transitam pela cidade e 60 ficam na garagem como ônibus reservas, os quais são utilizados caso haja a necessidade de substituição.

Conforme o relatório, 71 ônibus estão abaixo dos 2 anos de uso, enquanto outros 50 de 4 a 6 anos, 20 com 7 anos e 11 com 8 anos de uso.

A grande maioria dos ônibus (300), de acordo com Agereg, está operando acima do limite prudencial de uso, tendo em média de 8 a 10 anos de utilização, podendo ter dentro desse quantitativo veículos que ultraem uma década de circulação.

Com base nesse levantamento, o diretor-presidente da Agereg, José Mário Antunes da Silva, informou na I do Ônibus que encaminhou esse relatório para o TCE-MS e que notificou o Consórcio Guaicurus sobre a necessidade de renovação de frota. 

Caso ela não seja cumprida, isso pode resultar em multa para a empresa que gerencia o transporte coletivo de Campo Grande.

Saiba

As próximas oitivas da I do Ônibus na Câmara Municipal ocorrem no dia 12, a partir das 13h, ocasião em que serão ouvidos Luiz Carlos Alencar Filho, fiscal de Transporte e Trânsito da Agetran, e Henrique de Matos Moraes, auditor-chefe da Auditoria da Agetran.

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negócio bilionário

Sheiks do petróleo estão de olho em mais três usinas de cana em MS

O fundo de investimentos Mubadala, de Abu Dhabi, já controla três e agora está negociando a compra das usinas da Raízen, em Rio Brilhante e Caarapó

07/06/2025 11h30

Usina da Raízen de Caarapó, na qual existe promessa para geração de etanol de segunda geração, estaria no pacote de venda

Usina da Raízen de Caarapó, na qual existe promessa para geração de etanol de segunda geração, estaria no pacote de venda

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Empresa estatal controlada pelos sheiks do petróleo de Abu Dhabi, a Mubadala Capital está negociando a aquisição de mais três usinas de açúcar e etanol em Mato Grosso do Sul, estado onde o bilionário fundo de investimentos árabe já tem três unidades.

Desta vez, segundo publicação do jornal O Globo de sexta-feira (6), o alvo das negociações, que estariam bastante adiantadas, seriam as usinas Rio Brilhante e atempo, ambas no município de Rio Brilhante. Desde 2021 elas pertencem à Raízen, do Grupo Cosan, que está tentando se desfazer das indústrias e dos cerca de 150 mil hectares de plantações de cana.

A publicação carioca não cita a unidade  da Raízen de Caarapó, também comprada em 2021 do grupo francês Louis Dreyfus Company (LDC). Mas, ela também estaria no pacote de negociação entre a Atvos, controlada pelo Mubadala, e a Raízen. 

Para a usina de Caarapó a Raízen chegou a anunciar, ainda em 2023, investimento de R$ 1,3 bilhão para produção de etanol de segunda geração, produzido a partir do bagaço da cana. Mas, apesar daquele anúncio, a venda pode ocorrer antes da concretização deste investimento. 

Em Mato Grosso do Sul, os sheiks do petróleo, por meio da Atvos, já controlam as usinas Santa Luzia, em Nova alvorada do Sul; a Eldorado, no município de Rio Brilhante; e da usina de Costa Rica, no município com o mesmo nome.

A publicação do jornal carioca se baseia em informações da agência de notícias Bloomberg, que teria tido o a três fontes envolvidas na negociação bilionária. Ainda de acordo com a Bloomberg, o Itaú BBA estaria conduzindo as negociações em nome da Raízen, controlada pelo bilionário Rubens Ometto. 

Caso o negócio seja concretizado, os sheiks do petróleo ariam a controlar seis das 19 usinas de etanol e açúcar de Mato Grosso do Sul, onde 916 mil hectares estão ocupados com cana-de-açúcar na safra que está em andamento em 2025. 

A previsão é de que em Mato Grosso do Sul sejam produzidas 50,5 milhões de toneladas de cana nesta safra, que começou em abril. Todas as plantas geram eletricidade, somando 2 milhões de MWh de abril a dezembro. Doze delas injetam o excedente para a rede nacional de energia elétrica. 

DINHEIRO DO PETRÓLEO

Os árabes entraram no setor sucroenergético de Mato Grosso do Sul há pouco mais de dois anos. No começo de 2023 o fundo de investimentos Mubadala Capital anunciou investimentos da ordem de R$ 3 bilhões ao longo de três anos nas três usinas do grupo Atvos em Mato Grosso do Sul. 

Por conta destes aportes, em setembro daquele ano as usinas, que pertenciam ao grupo Odebrecht, conseguiram superar o estágio de recuperação judicial em que se encontravam desde 2019.  

Ao final do investimento de R$ 3 bilhões no Estado, eles prometiam aumentar a capacidade de produção de cana em mais de três milhões de toneladas nas três unidades no Estado, onde estão empregadas em torno de quatro mil pessoas. 

A Santa Luzia, por exemplo, havia fechado a safra anterior com quatro milhões de toneladas, mas tem capacidade para até 5,5 milhões. A Eldorado, por sua vez, processou R$ 3,1 milhões de toneladas, mas seu potencial é para até R$ 4,1 milhões de toneladas. Em Costa Rica, a capacidade é de cerca de 4 milhões de toneladas por ano. 

NEGÓCIO LUCRATIVO

E o interesse dos árabes por mais três usinas possivelmente tem relação direta com o lucro das unidades que já têm em Mato Grosso do Sul. Depois do aporte financeiro, duas das três usinas da Atvos no Estado recuperaram suas finanças, aumentaram a produção de cana e fecharam a safra do ano ado com lucro líquido superior a meio bilhão de reais.

Juntas, as usinas Santa Luzia e Eldorado, respectivamente instaladas em Nova Alvorada do Sul e em Rio Brilhante, anunciaram superávit 348% superior ao ano anterior, fechando com lucro de R$ 520 milhões, ante R$ 116 milhões no período ado. 

A usina Eldorado, instalada a cerca de 80 quilômetros da zona urbana de Rio Brilhante, havia fechado a safra anterior com prejuízo de R$ 13,4 milhões. No ciclo seguinte, encerrado em março do ano ado, contabilizou lucro líquido de R$ 269 milhões. 

O dinheiro do petróleo para produzir combustível renovável foi destinado principalmente ao aumento na produção de cana. Na usina Eldorado, o ano terminou com produção de 4 milhões de toneladas, o que é 29% a mais que as 3,1 milhões de toneladas da safra anterior. . 

O lucro da usina de Nova Alvorada do Sul teve crescimento menor que a de Rio Brilhante, ando de R$ 129 milhões para R$ 251milhões.

NÚMEROS

Em Mato Grosso do Sul, a cana-de-açúcar está presente em 48 municípios. Mas, quase um terço (32%) da área plantada está justamente nos três municípios onde os árabes estão presentes e onde pretendem comprar mais duas usinas (Rio Brilhante, Nova Alvorada do Sul e Costa Rica).


 

INTERIOR

Queimada viva por capataz, mulher não resiste e é 15ª vítima de feminicídio no ano em MS

Eliane Guanes, de 59 anos, sofreu ferimentos graves após Lourenço Xavier, de 54 anos, jogar gasolina em seu corpo e atear fogo

07/06/2025 10h45

Lourenço Xavier, de 54 anos, é o autor do 15º feminicídio no ano em MS

Lourenço Xavier, de 54 anos, é o autor do 15º feminicídio no ano em MS Foto: Divulgação

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Eliane Guanes, de 59 anos, não resistiu às graves queimaduras sofridas por capataz e marca a 15ª morte por feminicídio em Mato Grosso do Sul neste ano.

Na tarde desta sexta-feira (06), Lourenço Xavier, de 54 anos, jogou gasolina no corpo de Eliane e ateou fogo na mulher, em fazenda na região da Nhecolândia, no Pantanal de Corumbá, onde os dois trabalhavam.

Diante disso, a vítima ficou gravemente ferida, com cerca de 90% da superfície corporal com queimaduras de 2 e 3º grau. Equipes do Grupamento de Operações Aéreas e Unidade de Resgate e e Avançado do Corpo de Bombeiros Militar conseguiram localizá-la e efetuar o resgate, levando-a à Santa Casa de Campo Grande de avião.

Porém, segundo informações do jornal Diário Corumbaense, Eliane já teria chegado ao complexo hospitalar da capital sem sinais vitais, sendo sua morte confirmada às 23h30 desta sexta-feira (06).

Lourenço, que tem antecedentes criminais por diversos crimes, incluindo violência doméstica, fugiu do local, mas foi encontrado horas depois e preso pela equipe do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE). Ele será encaminhado para a 1ª delegacia de Polícia Civil de Corumbá.

Segundo o delegado Fillipe Araújo Izidio Pereira, em entrevista ao jornal Diário Corumbaense, o crime se caracteriza como feminicídio, justamente pelo rapaz ter cometido o delito pelo fato da vítima ser mulher.

“Algumas informações iniciais e áudios que tivemos o, dão conta de que ele propôs um relacionamento à vítima, mas ela disse não. Ele não aceitou e por esse motivo, ateou fogo nela. Por esse menosprezo ao gênero da mulher, à condição de mulher, o crime se enquadra sim como feminicídio, apesar de não haver relação íntima e familiar entre eles”, explicou o responsável pelo caso, que confirmou que Lourenço ará por audiência de custódia em breve.

Histórico em 2025 - Feminicídio

Com a confirmação da morte de Eliane, esta foi a 15ª vítima de feminicídio no ano. Abaixo, confira a lista das outras vítimas por ordem cronológica:

Lembrando que, Feminicídio é quando há "o homicídio de mulheres cometido em razão do gênero, ou seja, quando a vítima é morta por ser mulher, e está diretamente relacionada à violência doméstica e familiar".

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