Homens são a maioria envolvida em acidentes com morte por embriaguez em Mato Grosso do Sul.
De acordo com os dados do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), que tem como base informações do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), do Ministério da Saúde, 85,5% dos mortos registrados no Estado em sinistros ocasionados em função do uso de álcool eram homens.
Neste contexto, em Mato Grosso do Sul, pessoas com idade entre 18 anos e 34 anos (35,9%) são as que mais morreram em acidentes relacionados ao uso de álcool na direção, seguidas pela população entre 35 anos e 54 anos (32,5%). Os dados são de 2023.
A faixa etária acima de 55 anos corresponde a 26,1% das vítimas, e a de zero a 17 anos, a 5,5% dos que foram a óbito em acidentes que envolviam o uso do álcool.

Ao Correio do Estado, o comandante do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPMTran), Carlos Augusto Regalo, informou que, conforme os parâmetros apresentados, a faixa etária das vítimas corresponde ao que é observado pela Polícia Militar com relação aos registros de acidentes em Campo Grande.
“No caso dos acidentes que envolvem motociclistas em Campo Grande, o perfil dos envolvidos é este [da pesquisa], a maioria são homens entre 18 anos e 34 anos”, declarou.
Regalo também disse à reportagem que os dados do BPMTtran mostram que a maioria das fatalidades no trânsito campo-grandense é de motociclistas, mas geralmente as colisões não envolvem motoristas embriagados.
“Nossos números mostram que hoje, no trânsito de Campo Grande, as principais vítimas são motociclistas. E as [principais] causas dos acidentes não têm relação com o consumo de álcool, decorrendo a maioria por excesso de velocidade e desrespeito á sinalização”, informou o comandante.
ÓBITOS E INTERNAÇÕES
Conforme já noticiado em reportagens do Correio do Estado, a pesquisa do Cisa apontou o estado de Mato Grosso do Sul como uma das unidades da Federação com o maior número de óbitos causados pela mistura de álcool e direção.
A taxa levantada pelo Cisa, que mostra o número de mortes em acidentes relacionados ao uso de álcool por 100 mil habitantes, coloca MS em quinto lugar entre os estados que mais registraram acidentes fatais no trânsito atribuíveis à embriaguez. O Estado só fica atrás na pesquisa do Tocantins (12,8), Mato Grosso (11,5), Piauí (10,8) e Rondônia (10,5).
No Estado houve, em 2023, uma taxa de 8,5 mortes em acidentes de trânsito relacionados ao uso de álcool para cada 100 mil habitantes.
A taxa de mortes no trânsito em Mato Grosso do Sul com envolvimento com a ingestão de álcool foi a maior em 10 anos, o que significa que algumas pessoas “se esqueceram” da Lei Seca e continuaram conduzindo sob o efeito de bebidas alcoólicas.
O aumento, como mostram os números do Cisa, ocorreram gradualmente a partir de 2019. Após um pico de 10,6 mortes por 100 mil habitantes em 2014, a taxa foi caindo e chegou a 7 em 2018, porém, no ano seguinte, houve aumento das mortes relacionados ao álcool no trânsito do Estado.
Em números absolutos, em 2023, foram registrados 234 mortes em acidentes de trânsito por uso de álcool em Mato Grosso do Sul. Em 2022, foram 221.
A pesquisa traz dados desde 2010, quando a taxa deste tipo de morte eram de 10,5 por 100 mil habitantes.
No ano seguinte, em 2011, ocorreu o recorde do período de 13 anos levantados, com taxa de 11,4. Isso mostra que, apesar da nova alta, o Estado ainda não chegou ao patamar da década ada.
Em comparação a 2010, os dados registrados em Mato Grosso do Sul em 2023 mostram uma queda de 19%.
Levando em consideração os 26 estados e o Distrito Federal (DF), apenas 9 estão abaixo da taxa nacional de 5,7. São eles: Minas Gerais (5,5), Rio Grande do Sul (5,4), Rio Grande do Norte (4,5), Amapá (4,2), Rio de Janeiro (4,2), São Paulo (3,9), Amazonas (3,9), DF (3,9) e Acre (3,8).
Pelo menos desde 2010, Mato Grosso do Sul sempre esteve acima da taxa nacional de mortes no trânsito com relação ao uso de bebida alcoólicas.
INTERNAÇÕES
Dados de 2021 da pesquisa realizada pelo Cisa também trazem que MS é um dos estados com maior porcentual de internações por acidentes de trânsito relacionadas ao uso de álcool de motoristas ou ageiros envolvidos em sinistros.
O Estado é o terceiro nesse índice, com 62,5 internações para cada 100 mil habitantes, atrás apenas do Piauí (85,2) e do Espírito Santo (72,7).
No mesmo período levantado, os dados de MS referentes a óbitos por embriaguez no volante mostram que, em um período de três anos, os registros de acidentes envolvendo álcool aumentaram.
NO BRASIL
Nacionalmente, o que chamou atenção na pesquisa foi o aumento do número de mortes no trânsito atribuíveis ao uso de álcool – de 11.961, em 2022, para 12.310, em 2023, uma alta em torno de 3%.
Homens são a grande maioria das vítimas (87%). Com relação à faixa etária, pessoas de 35 anos a 54 anos e de 18 anos a 34 anos representam, respectivamente, 35% e 34,3% desses óbitos.
A análise do Cisa apontou que a taxa de mortes por acidentes de trânsito relacionados ao uso de álcool por 100 mil habitantes caiu 23,6% no Brasil, entre 2010 e 2023.
O levantamento também indicou que a taxa se mantém estável no Brasil desde 2018, alternando entre aumento e queda na ordem decimal.
Em 2023, o País registrou uma taxa de 5,79, mas 20 estados estão acima do índice nacional.
Conforme o Cisa, o álcool interfere na capacidade de direção e alterações cognitivas e motoras ocorrem mesmo que não sejam percebidas pelo condutor.
Diante disso, quando se trata de beber e dirigir, qualquer dose de álcool é perigosa, pois afeta o reflexo, a percepção de risco e a capacidade de reação, aumentando as chances de envolvimento em acidentes de trânsito e a sua gravidade.