Cidades

Ministério Público do Trabalho

MPT resgata trabalhadores e autua fazendas por crime de tráfico e trabalho escravo

Desde o início do ano, 52 trabalhadores já foram resgatados de trabalhos em situação análogo à escravidão.

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O Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS), em ação conjunta com a Auditoria Fiscal do Trabalho, a Polícia Militar Ambiental (PMA) e o Ministério Público da União (MPU) nos dias 19 a 23 de maio, flagraram trabalho análogo à escravidão e tráfico internacional de pessoas em duas propriedades rurais do estado, nos municípios de Anastácio e Paraíso das Águas. 

Na zona rural de Paraíso das Águas, os fiscais encontraram 16 trabalhadores, sendo 14 paraguaios e dois brasileiros, entre eles, dois adolescentes, cujo trabalho rural é proibido, constatando, assim, o crime de tráfico internacional. No município de Anastácio, foram resgatados três trabalhadores no dia 19 de maio. 

Os auditores-fiscais do trabalho já haviam notificado a primeira propriedade, em Paraíso das Águas. Na ocasião, foram encontrados roupas e documentos pessoais, o que indicaria a presença de trabalhadores no local. Porém, eles não foram localizados e, ao ser questionado, o gerente da fazenda alegou não haver qualquer trabalhador no local. 

Já no dia 21 de maio, em nova diligência, conforme o depoimento coletado pelo procurador do Trabalho Paulo Douglas Almeida de Moraes, foi possível apurar que o gerente mandou os empregados se esconder no mato para que não fossem flagrados. 

Os trabalhadores alegam terem sido levados até o município de Camapuã em três veículos, seguiram para Campo Grande, onde comeram e, depois, chegaram a Bela Vista, cidade que faz fronteira seca com o Paraguai. De lá, atravessaram a fronteira a pé para a cidade Bella Vista Norte, no Paraguai, onde já residia uma outra parte do grupo, a 600 quilômetros distante do local de trabalho. 

Os trabalhadores eram contratados para realizar diversas atividades na fazenda de criação de gado de corte, sem registro na carteira e por uma diária de R$80. A cada três meses, podiam retornar ao país de origem, com as agens de ida e volta pagas pelo patrão. Também eram oferecidos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e alimentação. 

No entanto, caso o empregado não ficasse no serviço pelo período de, no mínimo, 90 dias, os custos das agens, a alimentação e os EPIs eram descontados da remuneração, o que caracteriza servidão por dívida e coibição do direito de ir e vir. 

Com isso, o MPT-MS deve conduzir audiência extrajudicial, no início do mês de junho, onde devem estar presentes o proprietário da fazenda e os trabalhadores resgatados, onde será proposto um Termo de Ajuste de Conduta (TAC). 

Em propriedade na área rural de Anastácio, o MPT resgatou três trabalhadores no dia 19 de maio. Foi constatado, durante a fiscalização, que, além de trabalhadores realizando atividades no campo, havia uma equipe que, anteriormente, atuava na obra de reforma de uma ponte e, no momento do flagrante, instalava cercas em um corredor da propriedade. 

Essa mesma equipe estava na fazenda há cerca de três meses e um dos trabalhadores resgatados era responsável por eles. O responsável havia sido constatado diretamente pelo proprietário da fazenda. 

Não houve informações sobre o fornecimento de EPIs nem sobre o registro formal dos trabalhadores da equipe. As atividades dos empregados eram supervisionadas pelo proprietário, que ia à fazenda de duas a três vezes por semana. 

Foi apurado, ainda, que os trabalhadores estavam alojados em condições inadequadas, já que o empregador não permitiu que a equipe ficasse junto aos demais empregados da fazenda. 

No local, havia energia elétrica, mas não possuía as instalações sanitárias adequadas. Com isso, os trabalhadores precisavam tomar banho no Rio Engano e realizar as necessidades fisiológicas no mato. Além disso, o trabalhador responsável pela equipe, contratado pelo dono do local, era obrigado a fretar um veículo para seus deslocamentos, já que não possuía condução própria. 

O empregador não realizava a cobrança somente da carne que fornecia para alimentação dos trabalhadores, os demais mantimentos eram custeados por eles mesmos. 

Em cinco meses, em Mato Grosso do Sul, foram resgatados 52 trabalhadores em condições análogas à de escravidão, todos eles em propriedades rurais. 

Qualquer cidadão pode denunciar ao MPT caso presencie pessoas atuando de formas que caracterizam o trabalho análogo ao de escravo. 

As denúncias podem ser feitas através dos seguintes canais:

  • Pelo site do MPT-MS
  • Pelo aplicativo MPT Pardal ( gratuito para smartphones)
  • Pelo portal da Inspeção do Trabalho
  • Ou pessoalmente em uma das três unidades do MPT-MS, localizadas em Campo Grande, Três e Lagoas e Dourados, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas (e os endereços aqui).
     

JUSTIÇA

Moraes determina que Ministério da Justiça formalize pedido de extradição de Zambelli

Carla Zambelli está foragida na Itália, país para o qual viajou após ser condenada a 10 anos de prisão em regime fechado pela invasão de sistemas e adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça

07/06/2025 21h00

Foto: LULA MARQUES/ AGÊNCIA BRASIL

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou neste sábado, 7, que a Corte envie para o Ministério da Justiça e Segurança Pública todos os documentos necessários para a formalização do pedido de extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

Ela está foragida na Itália, país para o qual viajou após ser condenada a 10 anos de prisão em regime fechado pela invasão de sistemas e adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Após o recebimento da documentação pelo ministério, cabe ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional da Secretaria Nacional de Justiça e Cidadania realizar a análise de issibilidade da documentação.

Em caso positivo, o pedido será encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores ou à autoridade central estrangeira, para ser formalizado ao país onde se encontra o foragido da Justiça brasileira.

Moraes também ordenou que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), seja comunicado da perda de mandato de Zambelli.

A medida normalmente teria que ser decidida pelos deputados. Porém, a jurisprudência do STF é que se a pena for superior a 120 dias de prisão em regime fechado, o próprio tribunal pode determinar a medida porque a Constituição prevê que o deputado perderá o mandato se faltar a um terço das sessões.

Na sexta-feira, a Primeira Turma do STF rejeitou por unanimidade recursos apresentados por Zambelli e pelo hacker Walter Delgatti, condenado a 8 anos e 3 meses de prisão no mesmo caso.

O entendimento foi de que os embargos de declaração apresentados não trouxeram novos argumentos e tinham caráter protelatório. Ou seja, objetivo era apenas adiar o cumprimento da pena.

Com a rejeição, a Primeira Turma declarou o trânsito em julgado, acabando com a possibilidade de novos recursos.

Moraes transformou o pedido de prisão preventiva de Zambelli em prisão definitiva e determinou que a Secretaria Judiciária do STF envie ao Ministério da Justiça os documentos necessários para o pedido de extradição da parlamentar.

O ministro ordenou ainda que a documentação contenha "indicações precisas sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato criminoso, a identidade do extraditando e, ainda, cópia dos textos legais sobre o crime, a competência, a pena e sua prescrição".

Segundo Moraes, a documentação deve ser encaminhada no original em português, traduzida oficialmente para o italiano e acompanhada do formulário para pedido de extradição disponível no site da pasta.

Além da pena de prisão, Zambelli e Delgatti foram condenados ao pagamento de uma indenização de R$ 2 milhões por danos materiais e morais coletivos. Também foram estabelecidas multas individuais de cerca de R$ 2,1 milhão para a deputada e de aproximadamente R$ 520 mil para o hacker. Os valores exatos ainda serão calculados no processo.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que Carla Zambelli "comandou" e ajudou no "planejamento" do ataque cibernético. Walter Delgatti confessou os crimes.

O ataque aos sistemas do CNJ aconteceu em janeiro de 2023. Foi emitido um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.

"Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", dizia o documento fake.

Também foi produzido um recibo de bloqueio de R$ 22,9 milhões em bens do ministro. O valor corresponde à multa imposta por Moraes ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, por questionar as urnas eletrônicas nas eleições de 2022.

Havia ainda uma ordem, também falsa, para quebrar o sigilo bancário do ministro.

EDUCAÇÃO

Estudantes de MS vencem prêmio nacional por retratarem queimadas no Pantanal em peça teatral

O projeto estudantil de Corumbá receberá premiação de R$ 12 mil, sendo R$ 10.000 para dar a continuidade ao trabalho desenvolvido e R$ 2.000 para o educador responsável

07/06/2025 15h00

Além da premiação de R$ 12 mil para o projeto estudantil de Corumbá, os alunos e a professora que orientou o trabalho vão participar da COP30 em Belém

Além da premiação de R$ 12 mil para o projeto estudantil de Corumbá, os alunos e a professora que orientou o trabalho vão participar da COP30 em Belém Foto: Divulgação

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Projeto cultural desenvolvido em escola pública do Mato Grosso do Sul, foi um dos vencedores do Prêmio Criativos Escola + Natureza.

O trabalho “Queimadas no Pantanal” realizado por um grupo de alunos do 6º ao 9º ano da Escola Municipal Rural de Educação Integral Polo Sebastião Rolon – Extensão Nazaré, localizado no município de Corumbá, conquistou o prêmio nacional ao retratar o problema ambiental das queimadas no bioma pantaneiro através de uma peça teatral.

A iniciativa uniu expressão artística, educação ambiental e engajamento social, sendo um dos projetos premiados na edição de 2025 que tinha como tema o Dia Mundial do Meio Ambiente.

De acordo com o Insitituto Alana, organizadores da premiação, o grupos de estudantes corumbaense, incomodados com a degradação do meio ambiente, decidirão criar uma peça de teatro sobre os impactos das constantes das queimadas no Pantanal, com objetivo de conscientizar as pessoas para a importância de se preservar o bioma.

Formado por oito estudantes, o grupo sob orientação da professora Stella Gonçalves de Souza, buscou valorizar a expressão artística dos estudantes para dar visibilidade a esse problema ambiental crítico na região, engajando a comunidade de forma criativa.

“O objetivo foi orientar a população local sobre os impactos das queimadas no Pantanal, especialmente quando áreas de roçado são incendiadas”, explica a professora Stella.

“O Pantanal é um dos biomas mais diversos do mundo, e também um dos mais devastados pela ação humana. Os alunos, ao escolherem esse tema, demonstraram preocupação e engajamento com as questões ambientais, e o teatro ampliou o alcance para transmitir essa mensagem a um público mais amplo”, complementou.

A ação buscou informar sobre os riscos do fogo, formas de prevenção e a quem recorrer em caso de incêndios, aliando arte e educação ambiental no contexto do bioma pantaneiro.

A peça foi gravada e divulgada nas redes sociais, o projeto também contou com a criação de panfletos informativos que foram distribuídos à comunidade.

Além do reconhecimento nacional, a conquista do prêmio vai proporcionar para três estudantes do grupo corumbaense, mais o educador responsável, uma participação na COP30 através da parceria com Greenpeace Brasil. A COP é um evento mundial sobre agenda ambiental, que será realizado nesto ano na cidade de Belém (PA), no mês de novembro.

O grupo também receberá um prêmio de R$ 12 mil — sendo R$ 10 mil para a continuidade do projeto e R$ 2 mil para o educador responsável.

Escola + Natureza

Além desse projeto sul-mato-grossense, a premiação também reconheceu mais cinco iniciativas: “O diálogo com a natureza: Povos indígenas da Amazônia e a sustentabilidade”, vencedora da Amazônia; “Filtropinha: dos resíduos aos recursos”, vencedora da Caatinga; “Protótipo de Sistema de Reúso de Água na promoção da sustentabilidade e o uso responsável dos recursos naturais”, vencedora do Cerrado; “Ecotech”, vencedora da Mata Atlântica; e “Colocar o coração no ritmo da Terra: reflorestando mentes e corações”, vencedora do Pampa.

Esta edição da premiação recebeu 1.593 inscrições, engajando mais de 60 mil estudantes e 5.300 educadores de 738 municípios brasileiros.

Entre os projetos inscritos, 468 incluíram estudantes com deficiência, e mais de 90% das propostas vieram de escolas públicas — com forte presença de instituições estaduais (51%) e municipais (33,2%). Escolas federais, privadas e organizações da sociedade civil também marcaram presença na premiação.

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