Demitido a bem do serviço público em pelo menos duas oportunidades diferentes, o perito criminal Rogério Insfran Ocampos não só continua trabalhando na Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) como chegou a ser promovido para uma “função gratificada de Chefe de Seção, símbolo DAPC-7”.
A promoção foi publicada na edição de segunda-feira (02) do diário oficial do Governo do Estado. Nesta terça-feira, porém, a medida foi revogada sob o argumento de que havia ocorrido um erro. “A Polícia Científica informa que a nomeação do servidor, publicada no Diário Oficial do Estado em 30 de maio de 2025 foi um erro de publicação”, informou nota da Segurança Pública.
Mas, a mesma edição do diário oficial de segunda-feira, além de conceder a promoção, também trouxe a remoção do perito criminal de um setor para outro dentro da Coordenadoria Geral de Perícia, evidenciando que ele continua atuando normalmente no serviço público.
A promoção do servidor foi cancelada depois que colegas de profissão procuraram a imprensa para denunciar o fato de um servidor envolvido em um escândalo, que inclusive resultou na punição de dois delegados, ter recebido cargo de chefia.

O perito promovido e no dia seguinte destronado de seu cargo de chefia foi denunciado pelo Ministério Público Estado após operação realizada em maio de 2022 (Operação Codicia), quando outros dez servidores da Segurança Pública de Ponta Porã foram acusados de cobrarem propina para liberação de veículos apreendidos na região de fronteira com o Paraguai.
Ele foi condenado por corrupção ativa e associação criminosa. Além disso, o MPE recorreu e em novembro do ano ado a pena dele e de outros envolvidos aumentou. O Tribunal de Justiça o condenou à perda da função pública e a pouco mais oito anos de reclusão. Porém, ele recorreu e segue trabalhando normalmente e também continua em liberdade.
Além de cobrarem propina para a liberação de veículos, apontou a denúncia do MPE, os agentes públicos revendiam parte das drogas que eram apreendidas na fronteira e levadas para a delegacia de Ponta Porã. Para isso, chegavam a usar veículos oficiais para o transporte dos entorpecentes.
Antes disso, em 2016 o mesmo perito também chegou a ser demitido, mas daquela vez em primeira instância. Depois, ao recorrer ao Tribunal de Justiça, foi reitido. Ele foi denunciado e julgado por ter utilizado um veículo apreendido para fazer turismo por várias cidades de Mato Grosso do Sul durante o carnaval de 2014.
O veículo foi apreendido com drogas em Ivinhema. O perito levou o carro para Nova Andradina com a missão de fazer uma perícia mais aprofundada em busca de vestígios que pudessem identificar mais envolvidos na quadrilha do narcotráfico.
Em vez, disso, porém, usou o carro tomado dos traficantes para fazer um eio por Campo Grande e Aquidauana, onde moravam familiares seus. Cerca de 15 dias depois devolveu o carro sem que a perícia tivesse sido realizada.