Basta o termômetro marcar uma temperatura um pouco mais baixa ou aquele vento gelado dar as caras que os sul-mato-grossenses já tiram os casacos do armário, calçam uma meia e colocam a sopa para esquentar no fogão.
É provável que nem e pela cabeça a possibilidade de comer outras comidas que não sejam as quentinhas, como um bom caldo de mandioca, uma sopa de legumes - com macarrão ou sem -, uma xícara de chocolate quente ou o café moído na hora. Tudo na intenção de se aquecer e desfrutar de refeições que, no calor normal, não seriam tão agradáveis.
No entanto, existem comidas que não são tão comuns de serem apreciadas nesse clima, seja por preferência ou por estigmas. Quem nunca ouviu “não pode tomar sorvete no frio porque fica gripado”, ou “açaí e frio não combinam”. Será?
Alguns comércios são impactados diretamente com a chegada de temperaturas mais baixas, sejam de forma positiva ou de forma negativa. Os rodízios de caldos fazem a festa, mas os quiosques de sorvetes se preparam para dias de baixo movimento.
Tatiane Trigo é empresária e dona de uma loja de delivery de açaí em Corumbá, município distante 426 quilômetros de Campo Grande. A 67 Açaí funciona em sistema presencial e delivery na cidade e região de Ladário e oferece copos montados de açaí com complementos escolhidos pelo cliente.
Tatiane conta que a chegada do frio impacta diretamente nas vendas e, consequentemente, no financeiro.
“Em dias quentes, a gente consegue vender mais de R$1.500 por dia. Mas, em dias frios, não chega nem a R$500”, conta ao Correio do Estado.
Corumbá é uma cidade de Mato Grosso do Sul predominantemente quente. No entanto, ao longo desta semana, os termômetros registraram mínimas de 10ºC além de grande quantidade de chuva, o que “assusta” os moradores.
“Felizmente, o frio dura poucos dias por aqui. Então, a gente se planeja financeiramente para a queda de caixa nesse período. Normalmente, fazemos alguma promoção dos copos e combos, além de oferecer entrega grátis”, conta a empresária.
Ainda hoje, quem não abre mão do sorvete ou do açaí nas temperaturas geladas, ainda recebe julgamentos, especialmente por ser uma época de disseminação de viroses respiratórias.
A médica Nayara Lobo, da Clínica da Família em Campo Grande, explica que, medicinalmente, a recomendação é a de que sejam evitadas comidas geladas ou frias no período de baixas temperaturas por ser mais propício o desenvolvimento de certas doenças.
“Quando a gente está doente, de fato, tomar uma friagem, um vento mais forte, ou tomar algo gelado, faz com que a gente demore mais para se recuperar. Se você está com uma doença respiratória e você toma algo gelado, as suas vias respiratórias podem entrar em processo inflamatório e quanto mais você atinge elas com algo que desencadeie mais processo inflamatório, mais difícil a recuperação. A gente evita tomar gelado para que as vias respiratórias não sejam tão atingidas”.
Ela reforça que o que causa a gripe, por exemplo, é o vírus, não a ingestão de certos alimentos ou bebidas.
“Como médicos, a gente pede pra evitar, porque o clima seco e frio pode trazer doenças com mais facilidade. Mas não é o sorvete que faz com que você fique doente, mas o vírus em si. Do mesmo modo, se você estiver com o vírus, também pode ficar doente no calor”.
Frio
Mato Grosso do Sul registrou na madrugada desta sexta-feira (30) a noite mais fria de 2025 até agora. Com temperaturas próximas de zero grau em diversas cidades, o município de Rio Brilhante teve o registro mais extremo: 0,7°C. Campo Grande também sentiu o impacto da massa de ar frio com termômetros marcando 6,4°C, mas com sensação térmica negativa de -0,5°C, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
No entanto, a previsão é de que o fim de semana seja de temperaturas mais altas, mantendo o clima sem chuva e o céu limpo. Em Campo Grande, a previsão é de mínima de 10ºC e máxima de 25ºC. A tendência é que o frio perca força durante os próximos dias.