Cidades

ENTREVISTA

"Trazer novas tecnologias agrega valor tanto para dentro quanto para fora da porteira"

O presidente do Sindicato Rural Alessandro Coelho apresenta o Interagro, evento que promete levar conhecimento de ponta aos produtores e à sociedade, e que contará, com a presença do ex-ministro Paulo Guedes

Continue lendo...

Em um ano de dificuldades para o agronegócio, o Interagro, evento que ocorrerá entre os dias 20 e 22 deste mês no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande. Em meio aos problemas de cotações baixas e perdas na última safra, a intenção do Sindicato Rural de Campo Grande é levar uma mensagem otimista para o setor, que continua sendo um dos principais da economia brasileira. Para o presidente do Sindicato Rural, Alessandro Coelho, a iniciativa tem objetivo de levar conhecimento, e “agregar valor tanto para dentro, quanto para fora da porteira”. Entre os convidados para o evento estão o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, e também produtores do agronegócio que estão dando um excelente exemplo de como aliar tradição, faturamento e preservação ambiental. Confira a entrevista:

Conte-nos, primeiramente, sobre a preparação do Interagro, e o contexto para o evento. 

O ano de 2024 é um ano difícil para os produtores rurais, e também para os consumidores. A gente vê aí uma série de problemas na cadeia que geram reflexo na ponta de consumo. E a gente busca, com isso, trazer uma situação mais apaziguadora, onde vamos trazer novos horizontes para que os produtores venham com uma mensagem otimista, uma forma mais suave de ver essa situação, problemas, os desafios colocados, e a gente poder levar para o consumidor muito mais qualidade, de forma sustentável, com muito carinho.  

Fale-nos sobre o evento, que terá muitas pessoas proeminentes na sociedade, até mesmo ex-ministro da Economia, é isso?

Sim, uma das atrações principais é o ex-ministro da economia Paulo Guedes, e também teremos uma equipe de Taiwan, que fará uma exposição do uso da inteligência artificial na produção rural. 

Vai ser um evento aí que se inicia no dia 20 de junho e vai até o dia 22. A gente vai ter uma abertura bem legal com apresentações, shows culturais. Temos uma parceria aí com a Asumas da Suínocultura, e lá teremos  degustação de carne suína produzida aqui no Estado. 

Também vamos mostrar a importância da produção pantaneira, teremos  o Pantanal Meat Festival, comidas regionais. No evento teremos programação para toda a família, que pode degustar um pouco da comida tradicional de comitiva. Entre outras atrações, também vamos expor o Projeto Fazendinha, em que o cidadão, o produtor, poderá ter um contato os animais em miniatura.

Então o evento, que será no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo não será segmentado para o público do agronegócio?

Não, ele é aberto para todo o público, para aqueles que tenham interesse na cadeia, para que venham conhecer. Vamos ter vários expositores, as universidades estarão junto conosco, vamos ter escolas fundamentais trazendo produtos que são produzidos nas escolinhas rurais aqui do município de Campo Grande. É um projeto bem legal que nós estamos fazendo junto com a prefeitura e vamos levar, dar um destaque para nossos alunos do ensino fundamental. E para completar, o que vai ser um diferencial será essa programação cultural, técnica e bem informativa para quem está aqui no meio urbano poder saber o que está acontecendo no campo.

Então é uma imersão no cotidiano do agronegócio. É lógico que também para quem vive o agronegócio no dia a dia é bom porque a pessoa pode se especializar, pode descobrir uma nova técnica, pode saber de tendências de mercado, é isso?

O nosso estado é um estado vocacionado para o setor rural. Para contextualizar, nós temos uma população relativamente pequena e uma grande extensão de superfície de altíssima produção, com alta qualidade. Em um evento como este, a gente busca levar mais informação para o produtor e levar informação também para aqueles que queiram entrar no (agro)negócio, seja como prestador de serviço, seja como um estudante da área, seja como um pesquisador. Por exemplo, a Embrapa está conosco, a ABPO (Associação Brasileira de Pecuária Orgânica), A Acrissul, a Famasul, o Senar, o Sebrae... São várias instituições que trabalham de forma articulada e agente espera, nesta quarta edição, promover um evento inovador. São luzes que a gente traz para mostrar um novo horizonte, para que elas possam tomar decisões assertiva, para dar um caminho para os que quiserem entrar no negócio, e para os que já estão, mostrarmos novidade, para melhorar o caminho.  

Além do Paulo Guedes, quais outros nomes teremos na programação?

Sim, como já dissemos, teremos o Paulo Guedes no dia 21 de junho; a pecuarista Carmen Perez no dia 22, e assim como ela, pessoas que estão inovando em suas áreas, como a Flávia Brunelli Scla (22), que está inovando no mercado de suínos; e irmãs Jank (Diana e Taís) que vêm com inovações na parte de lácteos muito interessantes. 

É, isso aí entra no projeto de verticalização. São todos jovens com projetos bem inovadores, tá? Que buscaram inovação dentro da cadeia produtiva. fazendo essa verticalização. O que é verticalização? É você ir além da porteira, você não só produzir e vender para uma pessoa que vai beneficiar ou transformar. Eles trabalham no beneficiamento e na produção final.  

Estes jovens que você citou conseguem combinar inovação, tradição, bom faturamento e sustentabilidade. Voltando mais à sustentabilidade, como esse termo pode ou deve entrar na cadeia do agro?

Sustentabilidade é um termo muito popularizado, porém pouca gente tem uma real noção do que ele é. Ele é composto do tripé, onde você tem a parte social, a parte ambiental e a parte econômica. E todas trabalham de forma integrada. A partir disso muita gente fala de ESG, um termo americanizado que chega para nós, mas que ele está inserido dentro do conceiro de sustentabilidade.  Isso melhora a parte sustentável, faz com que seja mais eficiente esse tripé. Em síntese, não há como falar hoje que uma pessoa do campo vive como vivia uma pessoa do campo há 20 anos.

Hoje o produtor rural tem de ter cultura, o à tecnologia, o à todas informações. Por isso, quando a gente fala em sustentabilidade, a gente trabalha o social, daí aplicação de tecnologia para você melhorar. E a tecnologia é aplicada se houver algum benefício, seja ele ambiental, seja ele social, seja ele econômico. Normalmente, os três benefícios aparecem juntos.

Você poderia dar um exemplo?

Vamos usar um exemplo clássico que a gente tem agora, e que também vai estar aqui na Interagro: os drones agrícolas. Vamos ter curso de drone com habilitação. Se a pessoa quiser, ela pode ter a carteirinha, que dá condições de ter a documentação hábil para você voar o drone agrícola, que ele precisa estar registrado na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e no Ministério da Agricultura para você poder proceder ao seu voo, vai ter terá esse curso dentro da Interagro e é um básico que é para aquele que não tem noção, quer saber como é que funciona o drone. O que esse tal de drone agrícola, o que ele faz? Porque as vezes a gente fala drone agrícola e pensa assim, não, é aquele produto que é para aplicar um agroquímico. Não, ele vai muito além, ele é para produtos biológicos também. O drone é  muito utilizado e desenvolvido para isso, inclusive. Ele também é usado para semear. 

E como estão as técnicas que contribuem para o sequestro de carbono, aplicadas pelo agronegócio?

A gente pode falar, por exemplo, do plantio direto, que foi desenvolvido no Brasil. É uma técnica utilizada em que o carbono é fixado no solo. Hoje a aplicação do plantio direto é majoritária, em relação ao tombamento da terra, aliás, quando se revolve a terra, ela libera carbono. Ao promover o plantio direto, por exemplo, evitamos que o carbono saia. E a qualidade do solo melhora, e é por isso que o Brasil desenvolveu o cerrado, que é um dos biomas com solo pobre, quando comparado com o solo dos biomas amazônico e de Mata Atlântica. Mas por causa desta tecnologia, o cerrado transformou-se no celeiro do Brasil. E no caso da pecuária, tivemos o desenvolvimento de várias variedades de braquiarias, muitas delas, inclusive, dentro da Embrapa de Campo Grande, que comemora 50 anos. 

Por exemplo, desenvolvemos aqui em Campo Grande o taldo “braquiarão”, um capim que hoje é muito comum, e que também transformou o cerrado brasileiro e também boa parte das regiões tropicais do mundo, como as savanas africanas. Também temos uma gama de forrageiras que estão sendo desenvolvidas na Embrapa Gado de Corte. 

Vamos trazer novos horizontes para que os produtores venham com uma mensagem otimista, uma forma mais suave de ver essa situação, os problemas, os desafios colocados”

E por falar em tecnologia, me lembro que rastreabilidade bovina também surgiu na Embrapa de Campo Grande...

Não só isso, as primeiras inseminações feitas aqui foram feitas na Acrisul, pelos técnicos da Embrapa. Hoje o Brasil tem os melhores exemplares bovinos das raças Gir e Nellore do mundo.  

E como a agregação de valor aos produtos da agropecuária podem transformar o Estado ainda mais?

A gente pode pegar um exemplo muito simples aqui. Vamos pegar a região de Rio Brilhante, que é uma região de Entre Rios muito antiga, que são os campos de vacaria do nosso estado. Então, nos campos de vacaria hoje, é uma região onde se produz muita cana-de-açúcar. E essa cana hoje é toda beneficiada, é feito todo o sistema de biodigestores com aproveitamento energético, com uma série de benefícios ambientais outrora nem pensados. Aliás, nem se pensava em produzir cana de açúcar em regiões como essa. 

Mas não é só isso, além da cana, já vemos a Inpasa se instalando em Sidrolândia, já operando em Dourados, e com uma vantagem: a empresa começou a receber um produto que até então a gente nem ouvia falar no Estado, que é o sorgo. Temos aqui em Mato Grosso do Sul a viabilidade de cultivar 1,5 milhão de hectares de sorgo, em áreas onde é inviável fazer uma segunda safra de milho.

E é possível fazer etanol a partir do sorgo?

Sim, é possível. E a unidade de Dourados já está recebendo o produto. Este exemplo mostra que trazer novas tecnologias, agrega valor tanto para dentro, quanto para fora da porteira. 
Podemos ter mais máquinas operando, mais prestadores de serviço, mais gente trabalhando no comércio ligado ao agro. São vários insumos que envolvem essa cadeia, onde é imprescindível essa melhoria, inclusive na cidade.

Poderia detalhar melhor o que essa comitiva de Taiwan vem mostrar para os produtores? 

Há alguns anos a gente vem trabalhando esses contatos e o governo de Taiwan se mostrando muito sensível às demandas por tecnologia aqui do Mato Grosso do Sul. Eles sabem da pujança de nossa produção, e da forma diferenciada em que as coisas são trabalhadas aqui dentro. Esse ano, depois de muita conversa, a chefe de comércio do governo de Taiwan vem aqui para nos dar uma palestra. A comitiva de Taiwan vem para falar um pouco sobre tecnologia de inteligência artificial, já nos antecipando que a tecnologia deles é muito barata. Então, quer dizer, isso gera um benefício direto para a produção e gera um benefício direto para o consumidor, porque quanto mais barato estiver a produção, mais barato o produto chega na ponta de consumo. E pela inteligência artificial vamos conseguir e ser mais eficientes nas aplicações de produtos biológicos, por exemplo. Porque o produto biológico é muito mais metódico, você tem que aplicar na quantidade certa.

Perfil - Alessandro Coelho

Alessandro Coelho é produtor rural e advogado. Está em segundo mandato a frente do Sindicato Rural de Campo Grande (SRCG). Entre as atividades do agro, Alessandro se dedica à pecuária de corte e de leite, além da produção de soja, milho e sorgo. Atualmente também é associado à ABPO – Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável.

Assine o Correio do Estado 

Omissão do Estado

Aluno que perdeu olho em escola do município vai receber pensão vitalícia

A criança de 7 anos teve que ar por cirurgias. Diante disso, a Justiça do Estado determinou que a prefeitura pague uma indenização de R$ 70 mil e uma pensão

09/06/2025 18h13

Crédito: Freepik

Continue Lendo...

Um menino de sete anos, matriculado na terceira série do ensino fundamental em uma escola municipal, que teve o olho perfurado ao ser atingido pela maçaneta de uma porta, receberá pensão vitalícia, conforme determinou a Justiça.

Segundo o processo, o aluno, matriculado em uma escola do município de Bonito (MS), estava no horário do intervalo e foi olhar pela fechadura da porta de uma cabine no banheiro, que estava com a maçaneta quebrada.

No mesmo instante, outro estudante empurrou a porta para sair do local, e a maçaneta bateu contra o rosto do menino, atingindo o olho direito.

Ele ou por uma cirurgia de emergência, e os médicos constataram a perda da visão do olho perfurado. O menino também precisou realizar outro procedimento cirúrgico para a colocação de uma prótese ocular.

Condenação


Com isso, a 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul condenou, em primeiro grau, o município a pagar R$ 35 mil à criança e R$ 10 mil à mãe, por danos morais.

Também foi determinado o pagamento de R$ 25 mil por danos estéticos e pensão mensal no valor de um salário mínimo, a partir do momento em que a criança completar 14 anos de idade até o fim da expectativa de vida.

Contestação


O município de Bonito recorreu da decisão, alegando que o acidente que resultou na perda do olho do estudante não teve relação com “ação ou omissão” por parte da istração pública, e que não houve prova de negligência do município.

A defesa argumentou que o fato foi consequência de um comportamento do menino, classificando o episódio como um “evento inesperado”, e culpou a própria vítima pelo ocorrido. Assim, solicitou que o município não fosse responsabilizado pela indenização ao menino e à mãe.

No entanto, para o relator do processo, desembargador Odemilson Roberto Castro Fassa, trata-se de responsabilidade civil por omissão do Estado, ou seja, o acidente ocorreu porque a escola não cumpriu seu dever de cuidado com os alunos.

Ele entendeu que tanto a escola quanto o município deixaram de cumprir com a obrigação de zelar adequadamente pelas crianças e de manter o ambiente escolar em boas condições.

Dessa forma, o acidente ocorreu devido à negligência no dever de vigilância e à falta de manutenção da escola, configurando responsabilidade civil do município.

O relator julgou que o valor da indenização não deve ser reduzido, por servir como alerta para evitar que situações semelhantes se repitam, além de funcionar como forma de compensar o sofrimento da vítima.

A condenação incluiu

  • R$ 35 mil de indenização por danos morais para a criança;
  • R$ 10 mil para a mãe da criança;
  • R$ 25 mil por danos estéticos, devido à perda do olho;
  • Pensão mensal de um salário mínimo para o menino.

Assine o Correio do Estado

CONCESSÃO

Motiva, ex-CCR MSVia, vai assumir a BR-163 35 dias antes do previsto

Contrato de concessão pelos próximos 29 anos será assinado no dia 1º de agosto

09/06/2025 17h45

Novo contrato de concessão será assinado no dia 1º de agosto

Novo contrato de concessão será assinado no dia 1º de agosto Arquivo

Continue Lendo...

A empresa Motiva, ex-CCR MSVia, vai assumir o controle da BR-163 no dia 1 de agosto, 35 dias antes do previsto, quando assina o contrato de concessão pelo próximos 29 anos. Essa é a segunda reformulação do calendário, já que a previsão inicial era concluir o processo do leilão no dia 29 de setembro, depois foi alterada para 5 de setembro, de acordo com decisão da Comissão Mista do Processo Competitivo, do último dia 26.

Mais uma redução no prazo do processo de solução consensual foi possível porque a Motiva  foi a única empresa a participar do leilão realizado no dia 22 do mês ado, quando ficou definido que será cobrado R$ 7,52 a cada 100 km dos usuários, possibilitando a eliminação de 13 etapas do certame, das atuais 33 para 20. Em março, a previsão era 37.

Foram retirados do processo as etapas de divulgação do resultado no site (dia 22/05); entrega  de outros documentos, dia 29;  divulgação da ata de julgamento e do resultado preliminar e abertura de prazo para eventuais recursos, prazo de interposição de eventuais recursos do resultado preliminar; prazo para questionar os recursos; publicação da ata de julgamento de recursos ao resultado preliminar, no dia 30/06, quando seria publicado o resultado definitivo e no dia 3 de julho HOMOLOGAÇÃO, ADJUDICAÇÃO do OBJETO e anuência prévia da Diretoria da ANTT e convocação para do contrato.  

Esse procedimento de homologação e convocação para do contrato foi antecipado para o dia 5 de junho, na semana ada, quando foi publicado no Diário Oficial da União no dia 6. 

Mesmo havendo ainda algumas etapas a serem cumpridas, a do contrato pôde ser antecipada para 1 de agosto. De acordo com 

Reajuste pedágio

Por ter sido a única empresa interessada  na BR-163, a Motiva arrematou o leilão com a tarifa de R$ 7,52 a cada 100 Km, com previsão de investimentos de R$ R$ 16,5 bilhões, sendo R$ 9,3 bilhões em obras e R$ 7,2 bilhões na operacionalização, sem que fosse oferecido deságio.

Porém, no mesmo dia do leilão, 22 de maio, a ANTT aprovou um reajuste de 5,53% no pedágio, que vai ser aplicado a partir do dia 14 deste mês.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).