Em tempos de descrença generalizada nas instituições, é fundamental reconhecer e valorizar aqueles que fazem a diferença dentro do serviço público. O Brasil e o estado de Mato Grosso do Sul precisam,
mais do que nunca, de servidores que carregam consigo o verdadeiro espírito público – aquele senso de missão voltado para a coletividade e que vai além da estabilidade do cargo e do cumprimento mecânico de funções.
Esse espírito público, felizmente, é encontrado em muitos servidores de carreira, cuja experiência e cujo compromisso se tornam barreiras contra pressões políticas e interferências indevidas. Mas ele também pode estar presente em cargos comissionados, desde que ocupados por pessoas que compreendam que servir ao Estado é, antes de tudo, servir ao povo – e não a governos ageiros.
Um exemplo desse compromisso com o bem comum é a atuação da procuradora do Estado Carla Cardoso Nunes da Cunha, chefe da Procuradoria Jurídica da Secretaria-Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul (Procon-MS). Diante de uma enxurrada de reclamações por descontos indevidos nas aposentadorias e nas pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ela não hesitou: percebeu a gravidade da situação e tomou a iniciativa de alertar outras autoridades, ainda antes da operação oficial que expôs o esquema fraudulento. Seu senso de urgência e responsabilidade é exemplar.
É esse tipo de conduta que o Brasil precisa multiplicar. Quando servidores se colocam a serviço daqueles que não têm voz, que são as principais vítimas de práticas criminosas e abusos istrativos, o Estado cumpre a sua função de forma plena. Fraudes como a do INSS atingem principalmente a população mais vulnerável, a qual muitas vezes nem sequer sabe a quem recorrer. É nesse momento que o servidor com espírito público mostra o seu valor.
Ações como a de Carla inspiram – e devem inspirar – não apenas outros colegas do funcionalismo, mas toda a sociedade. A omissão diante de injustiças ou ilegalidades nunca é a melhor escolha. Denunciar, expor e agir são atitudes que tornam o serviço público mais transparente, eficiente e, sobretudo, mais humano.
É por isso que é urgente promover uma cultura que valorize esse tipo de servidor: aquele que enxerga o seu papel como um elo entre o Estado e a cidadania. Servidores assim são pilares das instituições democráticas, guardiões dos interesses coletivos e defensores dos direitos daqueles que, muitas vezes, nem sequer sabem que os têm.
No fim das contas, são essas pessoas, muitas vezes anônimas, que mantêm o País funcionando, mesmo nos momentos mais difíceis. Servidores públicos com espírito de missão não são apenas essenciais: são a diferença entre um estado meramente burocrático e um estado verdadeiramente comprometido com a justiça social. Que o exemplo dado nesta edição sirva de lembrete do que realmente importa: servir com coragem, ética e propósito.