A Suzano, gigante da celulose que tem megafábrica em Mato Grosso do Sul, anunciou, nesta quinta-feira (5) que a sua subsidiária, a Suzano International Holding, adquiriu 51% do capital social da da Kimberly-Clark, por US$ 1,734 bilhão, formando uma t venture.
A nova sociedade foi constutuída na Holanda e será titular de ativos referentes aos negócios, desde fabricação, distribuição, marketing e venda, de produtos de papéis de higiene, conhecidos como tissue.
Os principais ativos do negócio são 22 fábricas de produção de tissue localizadas em 14 países. A operação terá uma capacidade anual total de produção de aproximadamente 1 milhão de toneladas.
A t venture produzirá toalhas de papel, guardanapos, lenços de papel, tanto da linha familly care, quanto da professional business, na América do Sul e Central, Irlanda, Reino Unido, Europa, África, Oriente Médio, Ásia e Oceania. Alguns países nessas regiões estarão fora da operação.
Determinadas marcas regionais utilizadas pela Kimberly-Clark serão transferidas para a sociedade, já marcas globais serão licenciadas para a nova operação por um longo prazo e sem pagamento de royalties.
O valor da aquisição será pago à vista, em dinheiro, no fechamento da operação, mas está sujeito a determinados ajustes até a conclusão, que deve ocorrer em meados de 2026.
A Suzano terá também uma opção de compra da participação de 49% da Kimberly-Clark na sociedade, que poderá ser exercido três anos após a data de fechamento.
O acordo está condicionado a aprovação de autoridades regulatórias e a conclusão da reorganização societária da K-C nas Regiões Incluída.
“A operação está alinhada à estratégia de longo prazo da Suzano de crescimento com criação de valor e disciplina financeira, em negócios que tenham escalabilidade e nos quais a Suzano possa alavancar sua competitividade”, destaca a Suzano.
Papel tissue em MS
Ainda não há informações sobre em que locais exatos serão instaladas as 22 fábricas de produção de tissue, mas a venture pode ser positiva para Mato Grosso do Sul.
Em maio deste ano, o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, disse que o Estado já se consolidou como polo da celulose, com indústrias em operação e outras em fase de instalação no Estado, e o governo do Estado busca agora trazer fábricas que utilizem a celulose como obra-prima, especialmente de papel tissue.
"Nós estamos negociando uma fábrica de tissue, que é a fase seguinte da produção. Você pega a celulose e faz um grande rolo de papel, que a partir dele pode ser feito papel A4, papel higiênico e outras estruturas", explicou, na ocasião.
"Neste momento, o governo do Estado está negociando com players internacionais independentes e também com empresas a vinda do papel tissue", acrescentou.
Verruck ressaltou que já há uma indústria em Três Lagoas, a Chamex, da Internacional Paper, que produz essa estrututa de papel, mas que o objetivo é ampliar a produção com outras unidades.
"A celulose continua numa ascendente em termos de captação de investimento e o objetivo é que a gente consiga fazer esse trabalho de ampliação da base de produção e, obviamente, avaliando todos os impactos positivos que nós temos nos municípios", disse Verruck.
Vale da Celulose
Atualmente existem três fábricas de celulose em atividade em Mato Grosso do Sul. A primeira, da Suzano, opera desde 2009 em Três Lagoas. A segunda, a Eldorado, do grupo J&F, na mesma cidade, funciona desde 2012. A terceira é a da Suzano de Ribas do Rio Pardo.
E, além do projeto da Arauco em Inocência e da Bracell em Bataguassu, existem estudos para instalação de uma outra unidade, desta vez em Água Clara, que deve ser erguida também pela Bracell.
Verruck salientou que o Estado tem outras indústrias de celulose já em operação, que atendem a demanda mundial de celulose.
No lançamento da fábrica da Arauco, em abril deste ano, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, já havia dito que Mato Grosso do Sul é um polo central de celulose para o mundo.
“A indústria da exportação da celulose cresceu, de 2023 para 2024, 24%. É importante na pauta da exportação brasileira e no saldo da balança comercial, agrega valor, gera emprego, está na vanguarda da inovação, certamente uma das indústrias mais modernas do mundo. Mato Grosso do Sul é um grande hub para o mundo, as maiores indústrias estão hoje aqui instaladas”, disse Alckmin na ocasião.
* Com Estadão Conteúdo